Janelas abertas, o sol se pondo. Olho, pela última vez, minha cama desarrumada, como sempre. Tanto agüentou minhas dores, e agora, pela primeira vez, anoiteceria e ela não precisaria sustentar o peso de minha dor. Bato a porta em minhas costas com os bolsos vazios. Ruas vagas. Casas deixadas para trás com portas abertas. Não há ninguém. Caminho em direção ao nada, automático e sem parar, como quem rebobina uma fita cassete. Estou voltando ao início, ao escuro, rebobinando a vida. Não é o fim que chega, somos nós que findamos.
(Depoimento escrito para 13ª edição da Revista Travessa em Três Tempos, disponível no site http://revistatravessaemtrestempos.blogspot.com.br)
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