quinta-feira, 18 de abril de 2013

Você em mim


Quero noites intermináveis
Quero noites que se emendem ao sol e sempre
Quero teu beijo a cada dor
Teu lábio suavemente tocando o meu
Agressivamente mordendo o meu.
Quero teus dedos despretensiosos deslizando pelo meu braço enquanto qualquer coisa acontece
Teus dedos maliciosamente deslizando pelas minhas costas enquanto a gente se deseja
E teu abraço seguro no sim e no sempre
E teu peito a cada lágrima
E tuas mãos a cada queda
E você a cada vida.

Quero a sinceridade do toque
Quero a súplica do olhar
E o sorriso que antecede o riso.
Quero a entrega sem delonga
O contato sem medida
O encaixe arrepiante
O amor errônea e lindamente incondicional
Quero você
De volta
Pra mim.
Como sempre foi.

E se a eternidade pode durar apenas um segundo
Que me perdoe o coelho,
Essa eternidade é pouco.
Tu tens o pior e o melhor de mim
E não há jeito mais sutil e verdadeiro pra dizer que tu simplesmente me tem.

Pequei por querer-te demais
E muito pra mim
E sempre muito
E demais em mim.
Quero-te meu
Mas para que seja meu deve ser nosso
E para que seja nosso é preciso ser também teu
Perdoa-me. Todo meu erro é amor.
E todo amor é teu.
Agora.
Ontem
E amanhã.
Sem mais pausas.
Vem.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Itinerário

Chego e enterro minha presença. Vejo a vida (dos outros) acontecer ao redor. Passa um, passam dois. Um suspiro. Pensamento implausível. O asfalto, ao meu lado, abaixo, moldado à tantas atrasadas vidas  rolando em suas costas. Conversas paralelas, olhares perdidamente determinados ao oco destino. Alguns vão, outros seguem aguardando. Passam três, quatro e cinco. Todos vão. Repassa o primeiro. E o segundo. E a vida. Só fico eu, contraditoriamente enterrado na ideia mais livre que existira, e um morador de rua, já residente daquele úmido canto, acompanhado de seu saco-cheio-de-nada. Ele me olha. Mexe em sua sacola, revira seus pertences (e o que pertence?). Re-olha-me. Levanta as sobrancelhas e solta. "Moço." Suavemente desloco meus olhos ao homem. "Que mal te pergunte, que ônibus espera? Já faz horas que tá aí parado e tudo que tinha pra passar já passou. Umas três vezes" Sem mostrar os dentes nem as lágrimas, sorrio. "Eu espero qualquer um que não passe aqui." E fiquei.