Porta-voz do silêncio
Iulla Portillo
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
À sangue
Escrevo que é pra livrar a escravidão
Tirar tudo que boia nas veias e vibrações energéticas e por entre as ideias e no meio do peito
Desenho no papel as letras que te gozam
(e te rasgam)
Te olham
Invadem
Inventam
E com meus olhos te esculpem dentro da minha escravidão
Despida,
Escrevo.
Escrevo o olhar não visto
O grito engolido
A saliva que repousa entre os dentes antes de viajar garganta a dentro levando consigo todas as dores criadas.
Escrevo a tontura do frio na barriga
O embalo da embriaguez pelo toque
A mão que daqui vai sem preocupar-se se de lá vem.
Escrevo que é pra livrar as amarras do corpo
Emaranhar o pensar com o peito
E viver nesse mundo esculpido, universo transcrito e desenhos não ditos.
Escrevo.
À sangue.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Era amor.
De súbito
acordo, ainda madrugada, em meio a sonhos de sombras e sons. Sento na cama.
Apoio a cabeça nas mãos que seguram o mundo. O mundo que criei. Suspiro e
levanto. Visto a calça jogada na cadeira ao lado da cama, me enrosco no
primeiro casaco que encontro – um comprido e largo tricô listrado que
certamente me protegeria do frio lá fora.
Ao me olhar no espelho, enxergo. Meus cabelos bagunçadamente repicados
acima do ombro me lembram de cortar mais curto da próxima vez. Antes de virar as costas, ele, o meu reflexo,
ainda sarcasticamente questiona “é só isso mesmo?”. Era.
Abro a
porta destrancada e desço as escadas no encontro da noite. Inspirar o ar gelado
me lembra dela. A lua cobre meus pecados e cobra o que restou. Tantos monstros
ajeitadamente convivendo por aí, na minha cabeça, na sua, na deles, em todos. É duro estar aqui. Aqui, nesse mundo, jogada à vida, colocando
a cara à tapa todo dia. Parece natural, eu sei, é o que todos dizem. “Você é
tão leve, sincera, feliz”, foi o que ouvi na última terça-feira. Fingi
acreditar.
Sem muito pensar, vou tranquilamente caminhando em direção à
casa dela enquanto acendo um cigarro. A rua está vazia e a noite pesada. Que
merda que ela tenha se mudado pra perto, eu penso. Isso facilita as ocasionais
fugidas e sumiços que dou de minha própria vida quando abro os olhos e não sei
por onde começar o dia.
Virando a esquina de sua rua, olho pro alto do prédio e percebo
a luz acesa. De certa forma é um sinal, penso, mesmo sem acreditar nessas
coisas. Apago o cigarro no portão do prédio enquanto aperto o interfone e
percebo outras marcas de cigarros semelhantes e próximas a que eu acabara de
deixar. Será que ela também apaga o cigarro ali ou esse aglomerados de marcas
significam todas as vezes que perdi o controle e vim parar aqui?
O portão se abre sem sequer soar o esperado “quem é” do
interfone. Ela sabe que sou eu. Subo a escada devagar, mais hesitante que
ofegante; metade de mim sabe que não deveria ter vindo. Paro em frente a sua
porta fechada e por quatro segundos recordo de minha última vez aqui, quando
saí pela mesma porta, com os olhos exauridos pelo choro e a certeza de que
nunca mais voltaria.
“Tá aberta”
em voz alta ela afirma, e eu repouso minha mão sobre o gelado trinco da porta.
Respiro e abro; e abro junto com minha surpresa ao ver seu apartamento todo
mudado. Dou um passo a frente e encontro CD’s que desconheço espalhados, livros
pelo sofá, a ausência de nossos quadros na parede e uma garrafa seca de vinho
no chão, junto de seu caderno de desenhos que enquadravam alguns rabiscos. O
sofá noutro canto da sala, o armário meio vazio em frente ao corredor e uma
luminária nova que presenteava o ambiente com uma luz amarela encantando toda
sua bagunça sincera. Parada, passo os olhos pelo espaço que tanto já explorei e
não é mais o mesmo, e encontro-a escorada na janela, de camiseta larga e
vestindo a cueca que a comprei numa tarde do inverno passado simplesmente por
achar que ficaria linda nela. Ainda fica.
“Você mudou
as coisas por aqui, né” eu digo meio acanhada enquanto ela inclina o corpo na
minha direção e diz “vem”. Em dois segundos eu já estou em seus braços me
perguntando como consigo ficar tanto tempo longe de seus lábios que percorrem
meu rosto levemente beijando cada centímetro de mim. Quer vinho, ela pergunta,
e eu balanço a cabeça afirmativamente. Bastou ela se afastar em direção à
cozinha para que eu entendesse tudo - o jeito como caminha, a maneira como
prende o cabelo, o sorriso de meia boca quando me olha, a risada que dá quando deixa
pingar um pouco de vinho na mesa e o modo como encanta em um cenário que não
mais me pertencia. Era ela. Era amor. E eu não sei amar.
Vamos sair
daqui, eu disse. Deixa o vinho, vamos caminhar, tomar um ar. Ela simplesmente largou
tudo, vestiu uma roupa qualquer, sem falar nada, e em poucos instantes estava pronta
ao lado da porta, apenas esperando que eu sorrisse e caminhasse ao seu lado. Já
estava quase amanhecendo e ela me abraçava forte, meu braço por cima de seu
ombro, e nossos passos como que ensaiados passeavam pelo bairro. “Desculpa não
conseguir ficar na sua casa” balbuciei. Maria me olhou, desenhou perfeitamente
o meio sorriso em seu rosto e conduziu-nos a virar na esquina seguinte.
Ao
chegar em frente ao meu apartamento, pegou as chaves em meu bolso, abriu as
portas e foi entrando. Deitou em minha cama repousando o braço aberto,
esticado, como um convite. Meu coração pulsava freneticamente e eu tentava
disfarçar a respiração ofegante causada pelos batimentos cardíacos bizarramente
acelerados. Eu só queria deitar em seus braços, olhar em seus olhos e dizer que
a amava, abraça-la e dividir meus pesadelos de sombras e sons. Queria ser leve,
sincera, feliz, como os outros me viam. Mas era ela. Era amor. E eu não sei
amar.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
Eu não moraria no cheiro da tua barba
Tem instantes que tudo que eu quero é me fugir pro lugar mais confortável do mundo.
A vida é encantadora, mas as vezes meus monstros não me deixam perceber isso com muita clareza. Eu não moraria no cheiro da tua barba. O encaixe perfeito entre teu pescoço e meu rosto é a parte que mais gosto do meu dia. Mas se eu morasse ali, talvez se tornasse comum. Cotidiano. Normal. Quando meu nariz resolve visitar teu cheirinho em um dos seus ataques maníacos-sovieticos, pode notar, ele não aguenta muito mais de um minuto. É muito bom. E é tão bom que eu morro de medo de ser sufocada por um cheiro tão hipnotizante, tão teu, tão meu-deus-como-eu-te-amo que eu nunca mais possa dar uma visita sem sentir esse frenesi de novo. É como uma droga. Eu não quero morrer de overdose. Eu não quero que meu organismo se acostume e o efeito se perca.
O cheiro da tua barba é o melhor lugar do mundo. E é por isso, exatamente por isso, que eu não moraria nele.
A vida é encantadora, mas as vezes meus monstros não me deixam perceber isso com muita clareza. Eu não moraria no cheiro da tua barba. O encaixe perfeito entre teu pescoço e meu rosto é a parte que mais gosto do meu dia. Mas se eu morasse ali, talvez se tornasse comum. Cotidiano. Normal. Quando meu nariz resolve visitar teu cheirinho em um dos seus ataques maníacos-sovieticos, pode notar, ele não aguenta muito mais de um minuto. É muito bom. E é tão bom que eu morro de medo de ser sufocada por um cheiro tão hipnotizante, tão teu, tão meu-deus-como-eu-te-amo que eu nunca mais possa dar uma visita sem sentir esse frenesi de novo. É como uma droga. Eu não quero morrer de overdose. Eu não quero que meu organismo se acostume e o efeito se perca.
O cheiro da tua barba é o melhor lugar do mundo. E é por isso, exatamente por isso, que eu não moraria nele.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Sobre doar encantar segurar enganchar amarrar
Doa
E doa sem dor
Sem apego
Sem peso, sem recompensa
Só doa
Como quem quer só sorrir ao sorrir meu.
É belo o jeito que nota
Nas entrelinhas das linhas que escorrego e nem percebo
E em cada canto da casa deixa escapar um pouco do detalhe
que pescou de mim.
E encantada canto
Nos rodopios da minha mente
O quanto me encanta
Esse teu doar sem dor
Sem peso, sem recompensa.
É seguro
E te seguro
E se te solto, logo tropeço
Aos berros
Pra te enganchar de volta.
Quando de cima daquela roda-gigante desatei os nós e saltei
os medos
Teus medos
Meus medos
Nossos nós,
Ainda não saberia que, um dia, nos ataria tão uniformemente
bagunçados
Assim do nosso jeito
De, sem amarras,
Se amarrar todo dia.domingo, 9 de novembro de 2014
É você colorindo tudo por aqui
Instante.
Se cada momento fosse um toque e em cada toque coubesse uma
vida
Uma vida na qual olho para o lado e te enxergo caminhando em
minha companhia
Sua presença que me abraça apenas por simples existir
E me segura de que tudo permanecerá tranquilo. Mesmo em meio
ao caos.
E você adentra minhas escuridões e passa por minhas traças.
E traços. E traga.
Traga o silêncio ao burburinho, e traga a fumaça que se
espalha pelo ar pesado misturando-se à angustia que se respira por aqui. E tudo
pára.
Cá dentro todos te olham e as máquinas lentamente vão parando e há
aquele entreolhar geral em que internamente se indagam sobre você
E você caminha devagar olhando em volta, provavelmente meio
curioso e espantado mas isso é o que eu acho e eu sempre acho errado – o que
encontro é sempre melhor.
E nesse meu mundo de transtorno você vira o centro, até as
árvores param de se entregar ao vento
E se entregam a ti
Ao teu sopro
E caem aliviadas
Assim como meus muros se despencam lentamente ao te olhar
Ao teu olhar.
Talvez você não veja nada, é escuro por aqui
Meio complicado e os caminhos mais se assemelham a
labirintos teimosos subterrâneos que levam ao mesmo lugar
Mas com um pouco mais de tempo há tempo de sobra pra você
conhecer a história de cada pedra chutada ao chão.
Deslizando por meus tuneis você me inquieta
Me remexo ao passo em que sou surpreendida pelo raio de
sol que adentra pela janela
E suspiro.
É você colorindo tudo por aqui.
domingo, 31 de agosto de 2014
Sabe
Esses dias ele acendeu o cigarro e me passou, eu traguei e me sorriu perguntando: “é ele?” Soltando a fumaça e a certeza, respondi: “é ele.” Era você. Você quem eu sempre quis ter ao meu lado sem nem ao menos conhecer sua existência. Sabe, eu ontem te escrevi. O relógio já marcava a madrugada que eu gosto tanto mas geralmente não enfrento por preferir dar aos sonhos a responsabilidade de trazer os monstros do que arrastá-los pra cá eu mesma pelo braço. Te escrevi e pus pra fora toda angustia que me ansiava, sem pensar formular ou ajeitar semântica. Foi bom. Te escrevi e apaguei, não enviei, por medo de te sufocar por todos os lados com meus sentimentos tão precoces. Pareceu meio bobo. Palavras comuns, usuais, corriqueiras. Verdadeiras. Apaguei. Deveria ter enviado. Você sorriria.
Sabe, eu queria ter um barco. Desses grandes cheio de velas meio antigos que me fizessem largar tudo e só ir, sem volta. Eu não sei se iria gostar de passar tanto tempo ali dentro olhando o mar sem alguma perspectiva de chegar e foda-se o mundo e tal mas você poderia vir comigo se quisesse. Eu queria ter um barco e eu queria que você viesse comigo. A gente poderia ficar ali conversando, eu te fazendo cafuné e você poderia ter quantas horas de sono quisesse sem se preocupar com nada porque não haveria mais nada. Eu poderia escrever, escrever sobre você, escrever sobre o mar, escrever sob você e o mar. Te escrever. Sem apagar, te descrever. Descrever esses teus medos tão iguais aos meus, acalmar teus monstros apresentando-os aos meus e os mandando nadar por aí e nos deixar em paz um pouco. A sós.
Sabe, às vezes eu penso nos dias que perdi sem falar desde o início o quanto você me encantou. Me apaixonei na primeira conversa e escondi isso por tantos seguidos instantes ao teu lado. Eu não queria que você fugisse. Mas você não fugiria. Eu hoje sei. Sabe, é verdade, quando eu saí da sua casa ela me perguntou “e aí como foi”, assim como me perguntava a cada noite que eu gastava o tempo com alguém idiota, e apesar de sempre receber um “ah nada demais”, naquela quinta-feira, já naquela primeira madrugada, é verdade, eu juro, de mim ela ouviu um “tô apaixonada”. Se você não fosse tão louco quanto eu, jamais te contaria isso, mas te conheço minimamente pra saber que você até sorriu com essa maníaca-informação. Viu, eu disse.
Sabe, eu queria ter um barco. Desses grandes cheio de velas meio antigos que me fizessem largar tudo e só ir, sem volta. Eu não sei se iria gostar de passar tanto tempo ali dentro olhando o mar sem alguma perspectiva de chegar e foda-se o mundo e tal mas você poderia vir comigo se quisesse. Eu queria ter um barco e eu queria que você viesse comigo. A gente poderia ficar ali conversando, eu te fazendo cafuné e você poderia ter quantas horas de sono quisesse sem se preocupar com nada porque não haveria mais nada. Eu poderia escrever, escrever sobre você, escrever sobre o mar, escrever sob você e o mar. Te escrever. Sem apagar, te descrever. Descrever esses teus medos tão iguais aos meus, acalmar teus monstros apresentando-os aos meus e os mandando nadar por aí e nos deixar em paz um pouco. A sós.
Sabe, às vezes eu penso nos dias que perdi sem falar desde o início o quanto você me encantou. Me apaixonei na primeira conversa e escondi isso por tantos seguidos instantes ao teu lado. Eu não queria que você fugisse. Mas você não fugiria. Eu hoje sei. Sabe, é verdade, quando eu saí da sua casa ela me perguntou “e aí como foi”, assim como me perguntava a cada noite que eu gastava o tempo com alguém idiota, e apesar de sempre receber um “ah nada demais”, naquela quinta-feira, já naquela primeira madrugada, é verdade, eu juro, de mim ela ouviu um “tô apaixonada”. Se você não fosse tão louco quanto eu, jamais te contaria isso, mas te conheço minimamente pra saber que você até sorriu com essa maníaca-informação. Viu, eu disse.
domingo, 24 de agosto de 2014
Assim
E você me chega e vem e ao mesmo
tempo em que está aqui na frente parado me olhando com esses seus olhos de quem
quer me descobrir você está também dentro de mim se delimitando em minhas
margens e estrangulando limites e chega mais pra cá.
Só me abraça e entende, entende
que eu te quero, não importa como nem quando nem onde e nem porque, eu só te
quero porque é assim que é. Pode ser amanhã ou pode ser agora, assim como foi
ontem, pode ser um telefonema lavado de álcool e sinceridade e medo, ou então
pode ser você chegando do nada ou então eu aparecendo de surpresa olha só, tô
aqui, pois é, eu vim. Pode ser. Ou pode ser uma chamada no vídeo enquanto você
faz qualquer coisa e eu te olho e meu deus que bom que eu te encontrei. Quem
sabe até mesmo um recado assim espontâneo que aparece no meu celular numa tarde
qualquer mostrando que você lembrou de mim e me fazendo sorrir porque olha só
que engraçado eu também estava pensando em você. Pode ser assim, pode ser
agora, pode ser amanhã mas de alguma forma você precisa saber que eu te quero
na minha vida.
Às vezes admito não saber se você
é de verdade mas tudo bem porque eu adoro viver uma mentira. Na minha mentira
em que você começa a me beijar na sala e a gente vai tropeçando até a cama e eu
quase caio e você me segura e ri. É dessa risada que eu to sentindo falta
agora. Do jeito que deitado você me olha e me segura e eu te beijo e você me
beija de volta e a gente se perde nos cobertores por que andou frio nesse mês.
Dessas verdades que eu chamo de mentiras e invento que não lembro pra parecer
menos real. Menos verdade. Porque a verdade é que você está longe, longe mas
bem dentro de mim. E precisa saber, moço, você precisa saber, é verdade, eu quero
você na minha vida.
domingo, 17 de agosto de 2014
Entre
Me pego trincando os dentes enquanto termino a quarta taça de vinho. Ouço tuas palavras e tua voz me invade os ouvidos como música. Tento me manter concentrada nas suas linhas de conto e não me perder nos meus pensamentos aceleradamente perturbadores que atropelam tudo que veem e querem ver pela frente. Você vem, senta do meu lado, ajeita meu cabelo atrás da orelha e me beija. Eu fecho os olhos e tudo gira. Tento manter os olhos abertos pra não me perder mais ainda nos seus lábios perfeitamente encaixados aos meus e, surpresa, franzo as sobrancelhas. O seu beijo. Há tempos não encontrava uma coisa assim.
Acordo um tempo depois na sua cama, nua, com você me abraçando. Com frio, me ajeito e você, meio dormindo, beija minhas costas e me puxa pra perto. Você é a pessoa mais incrível que conheci nos últimos tempos e por um curto momento tento esconder isso sob todas as circunstâncias que como aquelas propagandas indesejáveis da internet ficam pulando na minha mente uma atrás da outra. No entanto, parece tão certo. E exato. E eu não quero estar em nenhum outro lugar.
Nas entrelinhas do toque manso e cuidadoso, nos sorrisos que antecedem o desvio do olhar, cauteloso, é que encontro o instante. O agora. Há também as entrelinhas no suspiro, aquele que meio camuflado urge será-que-você-também-tá-sentindo-o-que-tô-sentindo-agora. Há entrelinhas nas palavras não ditas e nas quase ditas estacionadas na garganta por receio medo precaução. Maldito pedágio da razão. Talvez ainda não tenha tanta coragem de pagar, abandonar o troco ali mesmo e sair atropelando a cancela da língua.
Entrelinhas tão claras que não há mais entre. Apenas linhas, que me-ligam-te na mais leve simultaneidade do agora, do querer e do sim. Mas entre.
Acordo um tempo depois na sua cama, nua, com você me abraçando. Com frio, me ajeito e você, meio dormindo, beija minhas costas e me puxa pra perto. Você é a pessoa mais incrível que conheci nos últimos tempos e por um curto momento tento esconder isso sob todas as circunstâncias que como aquelas propagandas indesejáveis da internet ficam pulando na minha mente uma atrás da outra. No entanto, parece tão certo. E exato. E eu não quero estar em nenhum outro lugar.
Nas entrelinhas do toque manso e cuidadoso, nos sorrisos que antecedem o desvio do olhar, cauteloso, é que encontro o instante. O agora. Há também as entrelinhas no suspiro, aquele que meio camuflado urge será-que-você-também-tá-sentindo-o-que-tô-sentindo-agora. Há entrelinhas nas palavras não ditas e nas quase ditas estacionadas na garganta por receio medo precaução. Maldito pedágio da razão. Talvez ainda não tenha tanta coragem de pagar, abandonar o troco ali mesmo e sair atropelando a cancela da língua.
Entrelinhas tão claras que não há mais entre. Apenas linhas, que me-ligam-te na mais leve simultaneidade do agora, do querer e do sim. Mas entre.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
segunda-feira, 23 de junho de 2014
Voou
Que teu sorriso se arque
com ou
sem minha presença
Mas que você nunca se esqueça ou despreze
quem,
primeiramente, ensinou-te a sorrir.
Em mim,
Em mim,
de mim,
Para
sempre.
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