domingo, 30 de março de 2014

Puro

Na minha janela você taca uma pedra
Sorri e assovia
Assovia e sorri
Manda um beijo e se vai

E de repente pela minha porta adentra
Sem mais nem menos
Fantasiado entra
E não reconheço se é máscara, carne ou osso

O que é isso, meu bem?
Seria meu bem isso?
Cada resposta por baixo do medo
Cada medo revelando a vontade.

À vontade
Sirva-se
Mas, antes, descarnavalize, meu bem
Que dentre esses confetes,
já não sei se aquilo era mesmo janela
Ou meu próprio coração.

Festa em três tempos

Cá dentro te busco
Discreta, te cato em cada canto
Não acho
Nem rastro nem farelo nem pedaço
E aplaudo.

Saída de mestre
À francesa
Como se nunca tivesse vindo
Como se da festa não tivesse aproveitado
Como se não fosse o modelo dos quadros da parede
As sombras que compõem cada junção de letra nas páginas
Os rabiscos em todo papel espalhado
Como se não fosse o ar que encheu cada balão.

Tua surpresa
Olha que surpresa!
Você nunca existiu.

sábado, 29 de março de 2014

Frasco

A esmo
Por teu corpo corro
Escorro e morro
Entre cada pedaço, quem sabe eu encontro
Te encontro
A esmo

Nunca o mesmo.