segunda-feira, 4 de abril de 2016

Eu não moraria no cheiro da tua barba

Tem instantes que tudo que eu quero é me fugir pro lugar mais confortável do mundo.
A vida é encantadora, mas as vezes meus monstros não me deixam perceber isso com muita clareza. Eu não moraria no cheiro da tua barba. O encaixe perfeito entre teu pescoço e meu rosto é a parte que mais gosto do meu dia. Mas se eu morasse ali, talvez se tornasse comum. Cotidiano. Normal. Quando meu nariz resolve visitar teu cheirinho em um dos seus ataques maníacos-sovieticos, pode notar, ele não aguenta muito mais de um minuto. É muito bom. E é tão bom que eu morro de medo de ser sufocada por um cheiro tão hipnotizante, tão teu, tão meu-deus-como-eu-te-amo que eu nunca mais possa dar uma visita sem sentir esse frenesi de novo. É como uma droga. Eu não quero morrer de overdose. Eu não quero que meu organismo se acostume e o efeito se perca.
O cheiro da tua barba é o melhor lugar do mundo. E é por isso, exatamente por isso, que eu não moraria nele.

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