sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Sobre os ocos fogos tradicionais

       Deitado em minha cama, no escuro, ainda conseguia ouvir os alegres fogos de artifício (ou seriam fogos de alegria artificial?). Na rua, centenas de jovens almas de branco festejavam “o novo”, abraços sinceros ou não enfeitavam a noite barulhenta e champagnes eram desperdiçadas a troco de alguma coisa que as almas velhas, como a minha, estavam em casa tentando descobrir o que era. “Eu poderia estar lá” pensei de modo forçado. “Eu quero estar lá?” Não. Eu já quis; naquele momento, entretanto, não queria mais. “Por que estão lá?” minha mente se confundia entre a calma do sono e o transtorno da insônia. A vozearia externa aos poucos se dispersava entre o tique-taque do relógio e a minha própria consciência que ainda processava. Quando finalmente senti o peso sobre minhas pálpebras, cedi. Permiti que elas fechassem e levassem-me para longe da balbúrdia combinada. “De que adianta” - ainda ponderei minhas últimas palavras – “De que adianta comemorar a inovação se dentro de si a mudança não acontece?”. Dormi.

2 comentários:

  1. O novo é uma velha tentativa. O ano é uma invenção do velho Gregório. E a felicidade, onde se encaixa?

    Feliz ano novo (?).

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