Quando deitados na tua
cama calma pelo chá que tu me fez, ríamos deitados de banalidades implantadas
pra interromper meu choro e ouvíamos minhas músicas que claramente tu não gosta
mas me pedia pra tocar, só pra me ver sorrir e espantar minhas lágrimas doídas.
Ou então o seu olhar fugido pro meu enquanto eu dirigia aquele dia, quando eu
tentava olhar pra frente mas só conseguia esticar o olho pro lado e contemplar
você me contemplando. Era saudade. E cada instante, cada luz, eu lembro, cada
cor decor. “Tu é linda, sabia?” você falou e não, eu não sabia, por que você
fala pouco isso. Você deveria ter falado mais, eu gosto. Gosto, mas não tanto
quanto gosto da sua cara preferida, depois daquele momento preferido – você sabe
qual é. Ou quando, deitados na minha cama, com os peitos doloridos pela noite
separados, eu te leio um trecho de um livro que nos lembra e, entre risadas,
nos beijamos com sorrisos discretamente manipulados pela malícia contida nas
palavras lidas. E você põe de lado o celular em que jogava nossos jogos
estúpidos e enrosca seus dedos magnéticos no meu cabelo, puxando minha cabeça
pra perto e alternando sua boca em beijos e palavras obscenas ao meu ouvido que
entregam nossas cenas de entrega. E então me joga pra trás revelando não
saber explicar o que acontece quando está comigo – só que é muito bom e que
nunca sentiu coisa melhor.
Parece que uma bolha de mágica se forma quando
estamos a menos de um metro de distância um do outro, unindo nossos corpos,
pensamentos e vibrações numa intensidade que mexe com tudo que eu sou. Poderiam
esses relatados serem apenas cinco minutos diferentes de dias diferentes. Mas,
ao teu lado, são retalhos de uma vida. Apesar da dor, do silêncio, do desespero, da lágrima e do peito rasgado, quero te acertar de que ainda penso em suavemente tocar teus lábios desejando boa noite, beijar teu rosto dizendo que te amo e me aconchegar entre teu pescoço e teu peito, acariciando teus cabelos e tendo a certeza de que nos pertencemos incondicionalmente para sempre. Tua, sempre tua. Mesmo longe.
Carta sem data
Carta não precisa de tempo, mas de destino seja o dele, seja o seu.
ResponderExcluir